Atualmente é comum perceber que muitas pessoas alugam filmes em locadoras apenas a partir de uma rápida visualização da capa da produção. Este movimento serve tanto para selecionar quanto para rejeitar. Há, normalmente, algumas informações nas capas que nos induzem a acreditar que determinado filme é bom ou ruim, digno de ser visto ou não.
Podemos, por exemplo, prestar atenção nos dados do elenco ou em quem é o diretor do filme. Informações bastante relevantes para quem busca um filme são também a origem ou o gênero da produção. Se o filme é colorido ou preto e branco, se foi produzido no ano passado ou na década de 1950, qual é a faixa etária indicada...
E se não bastasse tudo isso, ainda temos uma sinopse, ou seja, um resumo produzido por uma equipe de marketing associada à empresa que produz e/ou distribui o filme no mercado e que tem o claro intuito de vendê-lo, colocando-o no “clima” da produção e fazendo-o, já de antemão, sentir um pouco do suspense, da ação, do drama, da comédia...
É também estratégia de mercado, ao lado das sinopses, colocarem observações quanto a premiações obtidas pelo filme em festivais de cinema [Oscar, Cannes, Berlim, Veneza, Gramado...] e críticas positivas obtidas pela película nos principais órgãos de imprensa – como revistas e jornais, especializados ou não em cinema.
Agora, independentemente de todas estas informações escritas e disponibilizadas na capa de um DVD, temos também os dados visuais, compostos pelo pôster do filme [normalmente reproduzido na capa] e por fotografias da produção na parte de trás, em paralelo ou sob a sinopse.
Para quem aluga um filme, os aspectos visuais têm, muitas vezes, mais impactos e interesse e acabam, por conseguinte, sendo os reais determinantes ou definidores da ação de locar ou não tal produção...
Isso não pode deixar de ser observado... e permite exercício bastante interessante e enriquecedor para quem trabalha com filmes na escola... Ensejando a utilização das capas [ou pôsteres] e das sinopses das produções com as quais pretendemos lidar em sala de aula como elementos de trabalho prévio, anteriores a apresentação da íntegra ou de trechos da película.
É pré-requisito básico para este tipo de ação que o filme a ser utilizado tenha relação direta com os conteúdos que estão sendo trabalhados em sala de aula. Por outro lado, é opcional a realização de tal atividade como sendo objeto de avaliação - compete a cada professor, de acordo com seus critérios, cronograma e interesses.
De qualquer forma, a ideia básica é a seguinte: 1- Primeiramente apresenta-se a capa do filme. O propósito é fazer com que os estudantes pensem sobre as imagens que estão vendo, suas representatividades, conexão com o assunto estudado [ou não], a forma como interpretam ou leem tal ilustração [por que foi utilizada como capa e qual a relação que pode ser estabelecida com outras informações constantes nesse referencial, especialmente com o título]. 2- Depois disso, passemos para a sinopse, ou seja, a descrição do filme. Que informações nos são passadas? Elas são relevantes ou trata-se apenas de um resumo superficial, que tem o intuito claro de vender o filme? É possível traçar paralelos entre a capa e a sinopse? Mais importante ainda, é possível relacionar estes dois elementos, capa e sinopse, com a matéria que está sendo trabalhada na disciplina? 3- As duas etapas devem promover o surgimento de debates em sala de aula e produções escritas, que podem ser individuais ou grupais. 4- O próximo passo é apresentar o filme [trechos ou íntegra] e pedir aos estudantes que, por sua vez, criem a sua sinopse ou deem sugestões de como deveria ser composta a capa. É também possível inverter o processo e iniciar com a apresentação do filme [trecho ou íntegra], traçar as relações com a disciplina e depois explorar tanto a sinopse quanto a capa ou pôster do filme. Em ambos os casos o que se pretende é ampliar a discussão, motivar a reflexão sobre o recurso, promover a aproximação e os paralelos entre as produções fílmicas e os conteúdos do curso e, principalmente, enriquecer o aluno com subsídios culturais que lhe proporcionem mais argumentos e capacidade real de ler o mundo ao seu redor.
Por: João Luís de Almeida Machado Editor do Portal Planeta Educação; Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).