As evidências, segundo Roger Penrose, da Universidade Oxford, e Vahe Gurzadyan, da Universidade Estadual de Yerevan, na Armênia, tomam a forma de anéis concêntricos, gerados por colisões de buracos negros supermassivos em versões anteriores de nosso universo _ e imprimidos, como ondas numa lagoa, numa névoa de radiação em microondas.
Esses anéis sempre foram considerados como uma sobra da grande explosão que iniciou nosso próprio ciclo de tempo, o Big Bang, há cerca de 13,7 bilhões de anos.
Agora, porém, dois outros grupos de astrônomos que examinavam os mesmos dados concluíram que os anéis, embora reais, fazem parte do universo atual que tanto conhecemos e amamos.
O fundo cósmico de micro-ondas (FCM), como é conhecido, foi muito estudado desde sua descoberta, em 1965, por telescópios de rádio, balões e três satélites _ o Explorador Cósmico de Fundo, da NASA, a Sonda Wilkinson de Anisotropia de Microondas e, mais recentemente, o satélite Planck, da Europa _, em busca de pistas sobre a origem do universo.
Estima-se que leves desvios de temperatura, no que é normalmente um banho de calor excessivamente uniforme, tenham surgido de flutuações microscópicas num campo de força conhecido como inflação cósmica _ que conduziu a expansão do universo quando não tinha mais que uma fração de nanossegundo de idade.
Os anéis vistos por Penrose e Gurzadyan são estreitas faixas onde o padrão ruidoso de calor e frio no universo inicial, conforme registrado pelo satélite Wilkinson e outros experimentos, é levemente menos manchado que o normal.
Eles postaram uma cópia de seu artigo na internet em 16 de novembro, apontando que os anéis confirmavam a previsão de uma teoria recentemente proposta por Penrose, um dos mais renomados matemáticos do mundo, chamada Cosmologia Cíclica Conformal.
Esse é o assunto de um novo livro de sua autoria, "Cycles of Time: An Extraordinary New View of the Universe" (Ciclos do tempo: uma extraordinária nova visão do universo, em tradução livre), com lançamento programado para maio nos EUA.
Cosmologistas da corrente principal, que já viram uma longa lista de anomalias no fundo cósmico chegarem e irem embora, não se impressionaram.
Agora seu ceticismo é apoiado por dois grupos de cosmologistas, Ingunn Kathrine Wehus e Hans Eriksen, da Universidade de Oslo, na Noruega, e Adam Moss, Douglas Scott e James P.
Zibrin, todos da Universidade da Columbia Britânica.
Em artigos independentes baseados nos dados do satélite Wilkinson, os dois grupos relataram a descoberta dos anéis, mas afirmaram que eles eram consistentes com um surgimento ao acaso nos primeiros momentos de nosso próprio universo.
A eternidade não é necessária para explicá-los.
Moss e seus colegas escreveram, "Gurzadyan e Penrose não encontraram evidências de fenômenos pré-Big Bang, mas apenas redescobriram que o FCM contém estrutura".
David Spergel, astrofísico da Universidade de Princeton e membro da equipe do satélite Wilkinson, disse por e-mail: "Embora observar círculos do universo pré-Big Bang tivesse sido instigante, eu vejo isso como a ciência em sua melhor forma.
Declarações instigantes são feitas e elas atraem a atenção dos cosmologistas em todo o mundo.
Como os dados do WMAP são publicamente disponíveis, grupos de todo o mundo puderam verificar a declaração.
Um universo com matéria escura, energia escura e inflação cósmica é bizarro o bastante _ nós não conseguimos, contudo, detectar círculos de universos alternativos".
Porém, visões de universos alternativos continuam aparecendo.
Na última quinta-feira, um grupo internacional liderado por Stephen M.
Feeney, do University College, em Londres, relatou a descoberta de evidências experimentais de bolhas nos dados de microondas, que poderiam ser marcas de colisões com outros universos _ que teriam surgido a partir do nosso universo, durante a época da inflação cósmica.
As evidências, como eles mesmo reconheceram, ainda eram frágeis demais, mas poderiam ser aprimoradas pelo satélite Planck, que hoje mapeia o espaço e deve entregar seus resultados em 2012.
"Se essas evidências forem corroboradas por dados futuros do satélite Planck, seremos capazes de obter conhecimento sobre a possível existência do multiverso", escreveram os autores.
Spergel e Max Tegmark, cosmologista do MIT, disseram que o grupo parecia ter feito um trabalho cuidadoso de análise.
Tegmark disse, "Isso está entrando na lista das coisas que mais serão procuradas nos dados do satélite Planck".
© 2010 New York Times News Service (Via Yahoo)
Postado por: Mirths Santos
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