PROF. EDVALDO CAVALCANTE
Outro dia, numa aula de sociologia, eu falava para os meus alunos sobre o conceito de “utopia”, que nasceu como designativo de mundo perfeito, mas que hoje em dia é usado para designar algo irrealizável. Durante minha explanação sobre esse instigante assunto cheguei ao Rio Grande do Sul, na cidade de Santa Maria. Foi lá que nasceu Plínio Pacheco, o homem que derrubou o conceito de utopia. Esse gaúcho chegou ao vilarejo de Fazenda Nova (Distante 180km do Recife) no ano de 1956 para ver uma festa popular muito comum no nordeste, a encenação da Paixão de Cristo. Nessa época, o cenário eram as ruas de Fazenda Nova. À frente do espetáculo estava Luiz Mendonça. Antes de se encantar com a festa, Plínio se encantou com Diva, filha do Luiz, com quem acabaria casando mais tarde. A moça era muito envolvida com a festa, o jovem Plínio também acabou se envolvendo. Em 1962, ele caminhava pela área rural do vilarejo e teve uma visão: em pleno agreste pernambucano, naquele lugar pobre, ele enxergou uma enorme muralha, sonhou com uma cidade igual a Jerusalém, uma réplica. A paisagem natural dali era parecida com a da Terra Santa, vegetação rasteira, chovia pouco, terreno arenoso e pedregoso. Quando ele divulgou essa idéia, disseram que era utopia. “Com que recurso irá construir a Nova Jerusalém?” -diziam as pessoas do lugar. A resposta veio com trabalho. Em 1963, a cidade começou a ser erguida, o sonho começava a virar realidade. Em poucos anos a encenação da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém se transformou no maior espetáculo teatral ao ar livre do mundo. Plínio Pacheco morreu no dia 22 de fevereiro de 2002.Em sua memória foi erguido um monumento. A palavra utopia perdeu uma de suas acepções.
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