Nos últimos meses uma questão vem me tirando o sono: por que eu ainda sou professor? Esse dilema nada tem a ver com a questão salarial. O problema todo está na sala de aula. O quadro é absolutamente desolador. Os alunos não encaram mais a escola como algo importante. A sala de aula é uma arena de guerra. Constantemente o professor é interrompido por piadas, brincadeiras de mau gosto, todo tipo de insultos. O aluno sente-se no direito de desrespeitar o mestre e os poucos colegas que querem estudar. A escola está se transformando num imenso parque de diversões. O tempo vai passar e esses “alunos” que não compreendem a importância da escola, vão ficar pelo caminho. Pior, talvez sejam vencidos pela vida. Fora dos muros da escola, o comportamento moleque da sala de aula é visto como comportamento marginal. O patrão não vai ter a paciência que o professor tem. O professor põe pra fora da sala, a polícia põe pra dentro da cela. Fora dos muros da escola o garoto que picha as paredes, que quebra as bancas, vai ser tratado como delinqüente. Repito, a vida é duríssima, não tolera a falta de seriedade. Você quer saber por que eu ainda sou professor? Bom, acho que é porque eu fui um aluno peralta que descobriu a tempo o valor da escola. A esperança de que meus alunos também descubram me faz insistir nesse duro ofício.
1 comentários:
Ensino Português em escola estadual e a antiga terceira série em escola municipal.Faço minhas as palavras de Ed,sempre conversamos a respeito,desabafo com ele a tristeza e a decepção de aconselhar,orientar para o bem e não ser entendida nem ouvida;querer diversificar as aulas trazendo jornal,música e após um tempo escutar alguém dizer”:-professora,a senhora não vai dar aula não?” ou:”o que a gente vai aprender com isso?”;ser agredida com palavras,desrespeitada no exercício de minhas funções,por alunos meus e de outras salas que se acham no direito de "invadir" as salas com professor dentro,gritar na porta,soltar bombas no banheiro,gritar palavrões,fazer gestos obscenos,faltar e querer ter presença na caderneta e por aí vai.Apesar de amar o que faço,admirar essa profissão tão importante,essencial para a formação de todos os profissionais de qualquer área, só não abandonei a profissão ainda pela dificuldade de passar num concurso público em que eu exerça uma função produtiva,seja respeitada,que me pague decentemente pra que eu tenha um só emprego e tenha o direito a algum lazer com minha família em vez de trabalhar os 3 horários para tentar pagar as contas,correr de uma escola pra outra,alimentação deficiente pelo curto espaço de tempo entre uma e outra,risco de acidentes no trânsito,voando pra não me atrasar,etc,etc,etc... "Fico triste quando alguém me ofende, mas,com certeza,eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor... Magoar alguém é terrível! " Ed,a luta continua!!!!!!!
Postar um comentário