A ascensão de Dom Helder na Igreja Católica se deu sempre de forma prematura. Com apenas 43 anos foi ordenado bispo do Rio de Janeiro. A inclinação para as obras sociais não diminuiu com a importância do cargo, na verdade, ele passou a atuar com mais veemência nessa área. Em 1956, fundou a "Cruzada São Sebastião", uma espécie de “movimento dos sem teto” que atuava nas favelas do Rio de Janeiro. Denunciou, nessa época, a expulsão dos pobres para os morros.
Em 1964, ano do Golpe Militar, Dom Hélder retornou ao Nordeste. Desta feita, como Arcebispo de Olinda e Recife. Com a mudança na situação política do Brasil, Dom Hélder direcionou sua obra para a defesa dos direitos humanos. Criou a “Comissão de Justiça e Paz” e as “Ligas Camponesas” que lutavam pela implantação da reforma agrária.
Por conta da sua atuação em defesa dos direitos humanos, Dom Hélder foi perseguido pelo Regime Militar. Por ser uma figura de importância internacional com muita influência na Igreja Católica, os militares hesitaram em prendê-lo ou cercear sua liberdade de expressão e passaram a perseguir os seus colaboradores . No dia 29 de maio de 1969, o Padre Antônio Henrique Pereira, coordenador de uma das pastorais criadas por Dom Helder, a da juventude, foi encontrado morto num terreno baldio na cidade universitária. O corpo apresentava sinais de tortura. Mesmo com essa manifestação extrema de violência, Dom Helder enfrentou os militares durante toda a ditadura. Suas idéias serviram de base para o surgimento , em 1975, da “Comissão Pastoral da Terra” que teve importante atuação em defesa dos trabalhadores rurais durante os governos militares.
Conheci Dom Hélder pessoalmente. Em 1992, eu e meu amigo Lito, fomos até a Igreja das Fronteiras, aqui no Recife, e batemos à porta. Pedimos para falar com ele e fomos atendidos. Dom Hélder nos recebeu e conversamos durante uns trinta minutos. Desse raro momento, lembro-me dele falando: "covardia é uma estupidez". Não lembro como chegou a essa afirmação, mas repetiu várias vezes: "o homem não tem o direito de ser covarde".
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