Autor:
Prof. Ed Cavalcante - Uma triste constatação facilmente
verificada na maioria das escolas públicas, é o total desprezo que
as instituições têm para com suas bibliotecas. Na verdade, de
bibliotecas elas só têm o nome. A maioria funciona como depósito
(desorganizado) de livros didáticos. Um ambiente, que num passado
bem próximo, era um dos espaços mais disputados das escolas, caiu
no ostracismo total.
Nas
duas unidades de ensino em que trabalho, ambas públicas, as
bibliotecas inexistem. Os motivos para esse total descaso são
muitos: falta de interesse dos alunos, falta de títulos disponíveis
e o principal: a desleal concorrência com o Google. Diriam os
puritanos: “Mas por que um site de busca estaria aniquilando as
bibliotecas?” Ora, na escola, a principal função das bibliotecas
é – ou era – dar suporte as pesquisas. Hoje em dia, qual aluno
pesquisa em livros? O imediatismo do Google e as facilidades do
“Ctrl-C Ctrl-V” seduzem os aspirantes a pesquisadores.
A
internet é um campo minado para o pesquisador despreparado. As
armadilhas das wikimídias têm produzido uma espécie de
“pseudopesquisador” que limita-se a ler o título e o primeiro
parágrafo dos textos. Seduzidos por uma percepção primária que se
prende, apenas, a beleza e detalhes das páginas, acabam por
reproduzir textos sem fundamentação científica. Pior:
muitos, deliberadamente, ignoram a propriedade alheia e assinam
textos de terceiros que são maquiados e apresentados com se
originais fossem.
Não
sou do tipo saudosista que ignora as benesses da internet, aliás,
estou concluindo uma especialização na área de mídias que trata
justamente desse assunto. O grande lance é a adequação do
tradicional com o novo e lembrar que a biblioteca, além da pesquisa,
tem a função do entretenimento, a leitura por prazer. O resgate
desse hábito perdido tem que ter a participação ativa das
instituições de ensino e dos professores. Recentemente fui
surpreendido, numa capacitação, com um maravilhoso sarau em
homenagem a Machado de Assis. A atividade, que envolvia professores
do projeto Travessia, teve um resultado tão bom que voltei a ter
esperanças de que nem tudo está perdido.
Publicado
originalmente no blog do
prof. Ed Cavalcante
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