RIO – A busca pela “Terra 2”
está ficando cada vez mais próxima do fim. A Nasa anunciou nesta
segunda-feira que o observatório espacial Kepler teve confirmado o
primeiro planeta extrassolar detectado na chamada “zona habitável” de
uma estrela parecida com o Sol. Em fevereiro, os cientistas do Kepler
informaram que o equipamento, lançado em 2009, já tinha captado sinais de mais de mil objetos candidatos a planeta, que devem ser confirmados por observações independentes subsequentes para terem sua existência aceita.
O
novo planeta, batizado Kepler-22b, é o menor já encontrado bem no meio
da zona habitável de uma estrela como o Sol. A zona habitável é a região
da órbita da estrela onde um planeta não está nem longe demais nem
perto demais de forma que sua temperatura permita a existência de água
líquida na sua superfície, condição considerada essencial para o
desenvolvimento da vida. As observações indicam que o Kepler-22b tem
cerca de 2,4 vezes o raio da Terra, mas os astrônomos ainda não sabem se
ele é predominantemente rochoso, como o nosso planeta, líquido ou
gasoso.
- Este é um importante marco no caminho para encontrar um
planeta gêmeo da Terra – diz Douglas Hudgins, cientista da missão Kepler
na sede na Nasa em Washington. - Os resultados do Kepler continuam a
mostrar a importância das missões científicas da Nasa, que visam
responder algumas das maiores questões sobre nosso lugar no Universo.
O
Kepler encontra os candidatos a planeta medindo as ínfimas reduções que
eles causam no brilho de suas estrelas em seus trânsitos, isto é,
quando passam entre elas e a Terra. Isso gera uma série de dificuldades.
A primeira é que, para que isso aconteça, é preciso que o plano da
órbita dos planetas esteja alinhado com o do observatório. E a medição
da variação do brilho da estrela tem que ter alta precisão. Para se ter
ideia do quanto isso é difícil, os trânsitos da Terra provocariam
redução de menos de 0,001% no brilho do Sol para um observador de fora
do Sistema Solar. Por último, são necessários pelo menos três trânsitos
para que os dados sejam suficientes para que a presença do planeta possa
ser inferida.
- A sorte sorriu para nós na detecção deste planeta
– diz William Borucki, principal cientista da missão Kepler no Centro
de Pesquisas Ames da Nasa e líder da equipe que descobriu o Kepler-22b. -
O primeiro trânsito foi captado apenas três dias depois que declaramos o
observatório operacional e testemunhamos o terceiro e definidor
trânsito nas festas de 2010.
O Kepler-22b está localizado a 600
anos-luz da Terra. Apesar de ser um pouco maior que nosso planeta, sua
órbita de 290 dias em torno da sua estrela é muito parecida com a do
nosso mundo. Além disso, a estrela do sistema onde ele está é da mesma
classe que o Sol, conhecida como tipo G, embora um pouco menor e mais
fria. Dos 54 candidatos a planeta na zona habitável de suas estrelas
anunciados em fevereiro, ele é o primeiro a ser confirmado.
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