Marcos Pontes, o astronauta brasileiro (Imagem/Reprodução)
Para se tornar um astronauta é preciso muito estudo, trabalho e dedicação assim como fez o Tenente Coronel Aviador Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro e que em março de 2006 participou da missão espacial Centenário a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS).
A reportagem do iG Educação entrevistou Marcos Pontes para esclarecer todas as dúvidas de quem gostaria de trabalhar nesta área e explica tudo o que é preciso para se tornar um astronauta desde os estudos aos treinamentos e os trabalhos efetivos dessa profissão.
O astronauta
Segundo Pontes, astronauta é uma profissão civil, onde existem dois tipos de profissionais: pilotos e especialistas de missão.
“Os pilotos têm a função de comandar os veículos (espaçonaves) de transporte. Os especialistas de missão (meu caso) têm a função de montagem e manutenção de equipamentos e sistemas no espaço, executar atividades extraveiculares, operar sistemas robóticos e executar experimentos”, disse.
Preparação e formação
A seleção dos profissionais é feita por pontos. Para se tornar um astronauta, o candidato precisa ter curso superior nas áreas de exatas ou biológicas. “Se o candidato tiver pós-graduação conta mais pontos, principalmente se for na área aeroespacial. Se tiver mestrado e doutorado, são mais pontos acumulados”, disse pontes.
“O candidato também acumula mais pontos se tiver experiência de trabalho e/ou pesquisa em projetos aeroespaciais e constar de seu currículo atividades nas áreas operacionais como mergulho, paraquedismo e pilotagem.”
Além disso, o candidato deve ter saúde muito boa, pois terá que passar em todos os exames médicos. Não pode ser ou ter histórico de fumar, drogas, excesso de bebida, ficha criminal etc. Também deverá ser avaliado e aprovado em testes psicológicos rigorosos, além de saber trabalhar em equipe, liderar, expressar-se muito bem em linguagem escrita e falada em pelo menos dois idiomas, incluindo inglês.
Seleção
De acordo com Pontes, a seleção é feita por concurso público divulgado por edital em jornais de todo o país. No Brasil, a Agência Espacial Brasileira (AEB) é a responsável pela seleção, segundo os critérios internacionais acordados.
O Comandante da Expedição, Pavel Vinogradov, o astronauta brasileiro, Marcos Pontes, e o engenheiro de voo, Jeff Williams (Imagem/Nasa)
A seleção é feita em fases eliminatórias: análise de currículo; exame médico; exame psicológico; exame físico; e entrevista técnica em Inglês e na língua natal do candidato.
Formação de astronauta
Depois de selecionado, o candidato tem que passar por curso de formação de duração de dois anos na Agência Espacial Norte-Americana (NASA). Para se tornar um astronauta ele deverá provar ao final desse curso que adquiriu conhecimentos sobre os sistemas do ônibus espacial, todos os sistemas da ISS, todos os procedimentos normais, todos os procedimentos anormais, todos os procedimentos de emergência, todas as fases do voo (simuladores), robótica, geologia, oceanografia, voo em aeronaves de caça, paraquedismo, mergulho, sobrevivências (selva, mar, deserto, gelo, água fria), medicina aeroespacial, equipamento médico de bordo, sistemas de suporte de vida, gravidade zero, entre outros temas do curso.
“Já como astronauta, o profissional fará um treinamento avançado que leva em média seis anos até que ele seja escalado para o primeiro voo espacial. O treinamento específico da missão leva em média um ano da escalação até a decolagem”, explica Pontes. Segundo ele, depois de formado, a possibilidade de o profissional integrar uma missão espacial é de praticamente 100%, mas o tempo para ser escalado pode ser muito longo.
Mercado de trabalho
Depois de formado, o astronauta pode trabalhar como tripulante nas missões espaciais ou mesmo voltar para o país para desenvolver projetos para a Agência Espacial Brasileira, que é quem financia o treinamento nos EUA.
Além disso, muitos desenvolvem carreiras paralelas ou partem para outros desafios. “Muitos se tornam cientistas e pesquisadores, professores universitários, conferencistas, escritores, CEO ou diretores de empresas e até mesmo diretores ou presidentes de agências espaciais. O campo é enorme, visto a formação e experiência longa do profissional astronauta”, afirma Pontes.
Segundo o Tenente Coronel, o salário atual de um astronauta europeu é de US$ 10 mil (aproximadamente R$ 25 mil), semelhante aos EUA. Já no Brasil, o salário inicial de um astronauta é de R$ 7 mil. “Depois de 10 anos de trabalho na área, pode-se esperar uma promoção para cargos administrativos, o que eu acredito que eleva o salário consideravelmente”, disse.
Crescimento do país
Questionado sobre a contribuição que um astronauta pode dar ao seu país, Pontes afirma que são muitas, mas sempre depende do interesse das autoridades e instituições em usar os recursos que eles tem a disposição.
“Um astronauta, assim como um piloto de caça, um artista, um cientista, um engenheiro, é um profissional dedicado e com grande qualificação, pronto para produzir grandes obras e serviços. É um recurso precioso para o país, sem dúvida, conforme demonstrado por muitos exemplos nos países desenvolvidos, onde eles existem há mais tempo. Contudo, é responsabilidade primária das autoridades e instituições o fornecimento de condições, projetos, aplicações e ferramentas para que possamos executar nossas funções de forma útil e eficiente para o país em qualquer tempo”, afirma.
Outras informações sobre as pesquisas espaciais e sobre o astronauta Marcos Pontes podem ser obtidas no site de Pontes.
0 comentários:
Postar um comentário