Publicado em 08.02.2010 no Jc Online
Professores denunciam problemas na Escola do Recife
Passada a euforia da saída do listão, uma pergunta ronda as cabeças de muitos estudantes e pais: O que tem de especial a Escola do Recife? Entre disputas de colégios particulares para conseguir o lugar de destaque no Vestibular da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a instituição pública, pouco conhecida, arrebatou logo três (primeiro, segundo e décimo). Apesar dos louros, professores revelam sérios problemas que a escola enfrenta.
Professora de língua portuguesa e de literatura há quase 10 anos, Josete Targino confere a conquista da escola à "união da equipe que investe nos conhecimentos prévios do aluno na educação de base". Para ser selecionado na instituição, cerca de 800 candidatos disputam 30 vagas, ou seja, "o aluno tem que estar bem preparado, tem que ser um bom aluno", afirma a coordenadora Vódia Gonçalves.
A escola existe há 25 anos e, por não receber recursos do Estado, já que é mantida pela Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco (Fcap), cobra uma mensalidade de R$ 119. A professora Josete alerta que "a escola teve grandes conquistas, mas ela poderia ser melhor se tivesse uma estrutura que atendesse às necessidades do aluno. Nós lutamos todos os dias com a pedagogia da dificuldade".
Isso porque, segundo a professora, a instituição não possui laboratório de línguas e quadra poliesportiva própria; o laboratório de informática é precário, com apenas seis computadores para atender um universo de 294 alunos do ensino fundamental e médio. Além disso, Josete reclama que os docentes da Escola do Recife não foram contemplados com os notebooks e bônus de R$ 200 na Bienal do Livro que os professores da rede estadual receberam.
A assessoria de comunicação da Secretaria de Educação do Estado (Seduc) esclarece que "os benefícios foram aprovados para professores da rede estadual no âmbito da Secretaria de Educação. Quem está vinculado a outra secretaria não recebeu". A Escola do Recife é vinculada à Universidade de Pernambuco (UPE) que, por sua vez, é subordinada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectma). "Concordo que eles mereceriam ser incluídos nesse programa, mas é uma prerrogativa da Seduc", rebateu a assessoria de imprensa da Sectma.
De acordo com o professor de matemática Fábio Girão, "os servidores (da Escola do Recife) não são tratados como se fossem do Estado". Ele levanta um outro problemo na instituição. "A principal dificuldade passa pelo quadro de professores, já que alguns são servidores do Estado e a maioria é contratada. É um grupo heterogêneo, enquanto os contratados têm um certo regime (sem férias ou 13º), os servidores têm outro, em termos de questões salariais".
A ESCOLA - Fundada em 14 de agosto de 1984, a Escola do Recife utiliza a infra-estrutura da Fcap, localizada na Avenida Sport Club do Recife, na Madalena. A entidade oferece ensino fundamental, a partir da 5ª série, ensino médio e técnico em administração. Os alunos têm acesso à escola por meio de seleção pública. Anualmente, a escola realiza dois grandes eventos entre os alunos: a Mostra Cultural, com apresentação de seminários interdisciplinares, e a Fest Maio, festival de música, cultura e arte em que os alunos se apresentam.
BÔNUS - Por serem de escola pública, os alunos Bárbara Buril Lins (1º), Victor Alves dos Santos (2º) e Raiane Rodrigues Pereira (10º) tiveram um acréscimo de 10% em cima de suas notas no Vestibular 2010 da UFPE.
Duas perguntas do Amaury Online:
*Cobrando 119 reais de mensalidade, a "Escola do Recife" pode ser considerada uma escola pública?
*Os alunos que conquistaram os três primeiros lugares tiveram um acréscimo de 10% na nota. É justo um aluno oriundo de uma escola que cobra 119 reais de mensalidade ter uma bonificação igual a das escolas públicas gratuitas?
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