DE SÃO PAULO
As respostas de exercícios presentes em 135 milhões de livros de apoio distribuídos a alunos da rede estadual de SP estão, indevidamente, disponíveis na internet. As respostas são as apontadas no material dos docentes.
Desde 2009, o governo de São Paulo distribui, a cerca de 3 milhões de estudantes, cadernos que podem ser usadas como lição de casa, atividades em classe ou até como avaliação. O material, que no ano passado custou aos cofres públicos R$ 75 milhões, visa ajudar a organização do conteúdo a ser dado. Cabe ao docente definir como usá-lo.
A Folha verificou haver endereços na internet que oferecem de graça as resoluções sugeridas presentes no material dos professores.
No Orkut, são mais de cem comunidades, uma delas com 300 mil membros. Também há blogs como o “Sem Repetentes”, que tem respostas para todas as séries.
A Folha tentou, sem sucesso, contato com responsáveis pelos sites. Não foi possível verificar como obtiveram o material do professor.
PROBLEMAS
“Pedia lição de casa, trabalho para nota ou mesmo atividade em sala de aula e, ultimamente, vinha tudo certo”, conta um docente de português do ensino médio. Ao conversar com alunos, soube dos links. “Eles nem precisam pensar mais.”
Para o secretário-adjunto da Educação da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), João Cardoso Palma Filho, como o material é basicamente de apoio, não há prejuízos.
“Não tem como impedir [a publicação]. Acontece com quem usa material pronto.” Ele sugere que os docentes, a partir das resoluções, refinem explicações.
“O material já é simplificado. Com respostas, vira perda de tempo”, diz Angela Soligo, professora da Faculdade de Educação da Unicamp. “O ideal é o docente ter liberdade para definir atividades. A padronização causa problemas como esse.”
Segundo Regina Brito, professora da pós-graduação em educação da PUC-SP, “claro que há perda, mas o material não está todo perdido. A troca de informações entre alunos já é positiva”.
Ela ressalta que, antes, estudantes conseguiam o livro do professor e passavam as respostas a colegas. “A questão é que a internet potencializou isso. O docente precisa ser criativo para, a partir das respostas, estimular os alunos em outras atividades.”
Folha de São Paulo
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