Blog da Escola de Referência e Educação Jovens e Adultos Amaury de Medeiros

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19 de abril de 2010

APRENDENDO A APRENDER

Prof. Edvaldo Cavalcante - Antigamente quando frequentávamos a escola (dita tradicional) os professores despejavam conteúdos de forma sistemática executando o que Paulo Freire, sabiamente, chamava de “educação bancária” em que o aluno era um mero depositário de conhecimentos. Ao questionar essa forma inglória de se lecionar, numa dessas rodas de amigos, alguém repetiu aquele adágio presente em muitas palestras de auto-ajuda: “não dê o peixe, ensine a pescar”. Verdade seja dita, meu desencanto com o sistema público de ensino (no que se refere ao aluno) me faz pensar nisso de vez em quando.

A cada dia sedimento a ideia de que, mais que ensinar conteúdos, o importante é aprender a aprender. Quando você tem base pode extrair conhecimento de quase todo lugar. Lembro-me da minha professora de didática lá da Federal, “Roynolka” (não lembro se escreve assim, ela era húngara), a querida professora Roy. Em uma de suas aulas ela usou um gibi da Turma da Mônica. Um dos alunos questionou: “professora, um gibi de história em quadrinhos numa aula de didática na Federal ?”.

Bom, o fato é que a aula era sobre saber reconhecer a realidade e as dificuldades dos alunos. O gibi em questão era do “Chico Bento”. Na historinha ele era perseguido pela professora porque chegava sempre atrasado e às vezes dormia na aula. Num belo dia, a professora dirigia-se para a escola e passou pela zona rural da cidade. De longe ela viu o Chico Bento trabalhando duro no roçado e entendeu o porquê dele chegar sempre atrasado. Apesar de ser apenas um garoto, trabalhava duro e acordava muito cedo.

A professora Roy, nessa aula com material didático inusitado, mostrou o valor de saber 'aprender a aprender'. Nessa mesma aula relatei um fato ocorrido comigo enquanto assistia ao capítulo de uma novela. Num dado momento, numa mesa de restaurante, formou-se um triângulo amoroso: Edu (Reynaldo Gianecchine), Helena (Vera Ficher) e Miguel (Tony Ramos). A filha de Miguel, vendo a cena, comentou: “Veja só um triângulo amoroso inusitado”. O amigo dela, que estava ao lado, completou: “E é um triângulo escaleno”. Os dois riram e a cena seguiu. “Triângulo escaleno?” fiquei pensando. Ignaro em matemática, fui ao dicionário e aprendi que se tratava de um triângulo com lados diferentes. Fiz a analogia e entendi o comentário visto na novela.

O problema é que grande parte das pessoas que assiste às novelas não tem base para extrair algum conhecimento daquela fonte (exígua, reconheço). Falta saber aprender a aprender. Quem tem estrutura absorve cultura nas mais inusitadas fontes. Sorte que me ensinaram a pescar.

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